segunda-feira, 15 de abril de 2013

Docente fará curso de 3 anos, já em sala

Governo de São Paulo prepara nova lei de concursos para contratar professores

13 de abril de 2013 | 2h 05
PAULO SALDAÑA - O Estado de S.Paulo
O governo do Estado de São Paulo vai mudar a lei de concursos para a contratação de professores. Com isso, os novos docentes vão assumir as aulas logo após o concurso e passarão por um curso de formação ao longo dos primeiros três anos, período chamado de estágio probatório. Hoje, a formação ocorre antes de o docente assumir as classes e dura quatro meses. Quando as novas regras passarem a valer, o Estado abrirá concurso para 20 mil novos professores.
O novo texto foi encaminhado pela Secretaria de Educação ao Palácio dos Bandeirantes e deve chegar à Assembleia Legislativa nos próximos dias. "É uma valorização do estágio probatório, em que o professor faz o concurso, entra em serviço e será formado e avaliado em três anos", explicou ao Estado o secretário de Educação, Herman Voorwald.
Segundo o secretário, o professor que não alcançar desempenho adequado poderá não ser efetivado após os três anos. "Teremos uma diretriz clara sobre o que significa o estágio probatório e o que precisa ser avaliado", completa. "Vamos deslocar o curso para dentro do estágio."
A formação continuada em três anos será promovida pela Escola de Formação de Professores, criada em 2009 pelo governo. Voorwald garante que a instituição terá capacidade de suportar o treinamento ao longo dos três anos. Ele cita como exemplo dessa capacidade a criação dos cursos do Melhor Gestão, Melhor Ensino, programa que pretende capacitar 65 mil educadores que atuam nos anos finais do segundo ciclo, do 6.º ao 9.º ano do ensino fundamental.
Essa é a fase que registra os piores resultados em termos de qualidade. No último Idesp, índice que mede a qualidade na rede estadual, os anos finais tiveram queda, passando de 2,57 em 2011 para 2,50 em 2012 - a nota vai de 0 a 10.
Posse. As novas regras devem atenuar as dificuldades com falta de professores na rede estadual. O texto é positivo, na avaliação da professora Maria Izabel Noronha, a Bebel, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). "Isso assegura que os professores que prestaram o concurso possam ter mais certeza de que vão tomar posse, como também se tem certeza de que vão ficar na formação", diz Bebel, ressaltando a importância de ampliar convênios com universidades para que essa educação continuada seja melhorada.
O professor de Educação da Universidade de São Paulo (USP) Ocimar Alavarse aprova que a formação ampliada seja feita em três anos. "Antes, em quatro meses, a formação era muito colocada no material da secretaria. E, em qualquer profissão, é a vivência que vai qualificando os profissionais. Essa observação de três anos ajuda na definição da estabilidade ", diz ele. "Mas é preciso ver os critérios da formação e da avaliação do estágio."
Alavarse lembra que a formação em serviço tem efeitos limitados, uma vez que ela não consegue contornar os problemas de formação inicial. Segundo o professor, o grande gargalo de São Paulo na educação é a pequena realização de concursos.
A Secretaria de Educação garante que, assim que o projeto de lei for aprovado na Assembleia, o edital para os 20 mil novos cargos será aberto. A previsão é de que isso ocorra no início de 2014. A esse novo concurso somam-se outras 34 mil vagas abertas em concurso desde 2011.
De acordo com Voorwald, o concurso completa a meta de 54 mil vagas concursadas traçada para este mandato do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Sobre a falta de professores, Voorwald afirma que a secretaria tem de manter atenção em duas frentes: melhorar a carreira do professor e resolver problemas de afastamentos.
A pasta está alterando a estrutura de perícias médicas, para compreender melhor os motivos de afastamento e promover uma política de prevenção. Nos próximos dias, a secretaria publicará três decretos que alteram regras de evolução funcional.

sábado, 13 de abril de 2013

9 motivos para estudar Matemática

Por que aprender Matemática é essencial para a vida do seu filho – e por que ela é muito mais do que uma disciplina importante para passar no vestibular


01/03/2013 17:56
Texto Luciana Fleury
Educar
Foto: Claudia Marianno
Foto: Por mais que pareça difícil, a matemática é muito divertida!
A matemática está presente em diversos aspectos da vida cotidiana, por isso é muito importante

Quem fizer uma pesquisa entre crianças e adolescentes sobre qual é a disciplina escolar mais odiada entre os estudantes, certamente vai ouvir muitas vezes a resposta: Matemática. Talvez por considerarem-na difícil, abstrata ou desnecessária, muitos estudantes a veem como a matéria mais difícil de todas... A vilã dos boletins e dos vestibulares.
1808 Especial Matérias Curriculares
Veja por que as matérias obrigatórias da escola são essenciais para a formação do seu filho!

Mas a Matemática é uma disciplina útil para inúmeras atividades do nosso dia a dia. Muitas vezes estamos usando nossos conhecimentos matemáticos e nem percebemos. Duvida? Por exemplo, quando você prepara o arroz para o almoço, está inevitavelmente fazendo contas para calcular a quantidade necessária para o número de pessoas que vão comer. Viu só?

A Matemática, portanto, pode trazer muito benefícios para o seu filho (e para você também, por que não?). Descubra abaixo quais são eles:


1. Estimula a descoberta
Matemática é experimentação. Um bom professor sabe como incentivar crianças e adolescentes a raciocinar e a chegar aos resultados pelos seus próprios caminhos. Quando se entende a Matemática, ela se torna uma atividade prazerosa.
 

2. Favorece a autonomia
Não há uma forma única de se chegar aos resultados de cálculos matemáticos. Se bem estimulados, crianças e adolescentes podem criar suas próprias fórmulas e metodologias sozinhos, o que certamente irá transformá-los em pessoas mais autônomas e independentes.
 

3. Facilita a vida cotidiana
Nós precisamos da Matemática para praticamente tudo o que fazemos, desde calcular quanto arroz precisamos preparar para o almoço até planejar como será gasto nosso salário ou mesada. Ou seja: saber Matemática é essencial para se viver em sociedade.
 
 
4. Desenvolve o raciocínio
Todas as disciplinas escolares desenvolvem o raciocínio, é verdade. Mas não há como negar que, entre elas, a Matemática é a mais poderosa. Lidar com números e cálculos - dos mais fáceis aos mais difíceis - é uma arma poderosa para aprender a raciocinar melhor e mais rápido. E não estamos falando apenas de raciocínio matemático. A Matemática ajuda em todas as disciplinas, até mesmo no Português!
 
5. Ajuda na concentração
A Matemática é, talvez, a disciplina que mais necessita de concentração, porque afinal, se dá para ler um texto em pedaços, não dá para parar uma conta na metade sem ter que começá-la de novo. Por isso, quem leva essa disciplina a sério tem um poder de concentração muito maior - o que vai ajudar também em todas as outras disciplinas, é claro.
 
6. Mostra o prazer dos desafios
A vida nada é mais do que uma sucessão de desafios. Primeiro temos a escola, depois passar no vestibular, conseguir um bom emprego, dar uma boa Educação aos filhos e por aí vai - você sabe, afinal já passou por algumas dessas etapas. E a Matemática, com todos os seus desafios (e o prazer em superá-los), tem o poder de mostrar para crianças e adolescentes que desafios podem ser prazerosos e são até importantes para o nosso amadurecimento.
 
 
7. Valoriza o esforço
Apesar de uma atividade intelectual, Matemática é suor: não é fácil e exige muito do nosso cérebro. Crianças e adolescentes vão perceber que só consegue as respostas certas quem se esforça de verdade - e essa é uma lição que valerá por toda a vida.
 
 
8. Deixa o brincar muito mais divertido
Banco imobiliário, batalha naval, jogo da memória. Esses são apenas alguns jogos que exigem noções de Matemática. Além deles, há muitos outros. Então não há dúvidas: além de ser uma das disciplinas mais importantes, essencial no nosso cotidiano, ela ainda pode deixar a vida muito mais divertida!
 
9. Pode fazer de seu filho um campeão
A Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas acontece desde 2005 e a cada ano o número de participantes aumenta. É uma forma divertida e emocionante de despertar o gosto pelos números e revelar talentos. Podem participar alunos matriculados em escolas públicas municipais, estaduais e federais brasileiras. Incentive o seu filho a se inscrever!
Professores consultados: 
  • Daniela Cassiano, coordenadora educacional do Programa Matemática Descomplicada da ONG Planeta Educação; 
  • Milton da Costa Lopes Filho, membro da Comissão de Ensino de Graduação da Sociedade Brasileira de Matemática e professor titular do departamento de Matemática da Unicamp (Universidade de Campinas); 
  • Priscila Monteiro, consultora pedagógica da Fundação Vitor Civita e coordenadora de programas de formação de professores de matemática da ONG Avisa Lá. 

Analfabetos em números

Por que a matemática continua sendo o ponto fraco da educação brasileira e as idéias dos especialistas para que nossas crianças se apaixonem por ela


16/02/2009 15:42
Texto Paulo de Camargo
Foto: SXC
Foto: Aluno
Ensino de matemática do Brasil é um dos piores do mundo
Na extensa lista de mazelas da educação brasileira, uma em particular vem tirando o sono dos especialistas: o déficit no aprendizado da matemática. No principal exame internacional de avaliação de estudantes, o Pisa, sigla para Programme for International Student Assessment, o Brasil ficou na lanterna no ensino de matemática, entre 41 países participantes, no teste realizado em 2003, e em 54o lugar, entre 57 países, em 2006. A prova avalia estudantes com 15 anos. Estudos com alunos brasileiros em outras etapas da vida escolar confirmam essa tendência. O último teste aplicado pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) mostrou que 80% dos alunos de 4a série, 87% dos de 8a série e 87,3% dos de 3a série do ensino médio não atingiram a pontuação mínima adequada. Ou seja, na média, um aluno da 8a série no Brasil não consegue analisar gráficos de colunas, acha difícil lidar com conversão de medidas e não tem a menor idéia de como efetuar cálculos de juros. Pelos padrões internacionais, já deveriam saber tudo isso.


As más notas...
são um sintoma eloqüente, mas ainda não dão a dimensão exata da gravidade da doença. Ignorar os conteúdos básicos da matemática significa estar despreparado para a cidadania. Afinal, lidamos com números ao fazer uma receita de bolo, planejar o orçamento doméstico, decidir se é melhor comprar um eletrodoméstico a prazo ou à vista ou mesmo ao tentar compreender as preferências dos eleitores em uma eleição democrática. Mas o aprendizado da matemática tem um papel ainda maior, conforme explica a pesquisadora Inés María Gómez Chacón, professora titular da Universidade Complutense de Madri: é essencial para a formação das estruturas de pensamento das crianças e dos jovens. 'Matematizar é um exercício de gerar nexos com a realidade', diz ela. Outro especialista de renome, João Pedro da Ponte, catedrático em ciências da educação da Universidade de Lisboa, complementa: 'Contribui certamente para o desenvolvimento de um pensamento rigoroso e para a compreensão do que é e do que não é um argumento válido'. Ou seja: vêm aí gerações inteiras de crianças e jovens que terão maior dificuldade de inserção no mundo globalizado, onde a chave-mestra é a capacidade de aprender continuamente.
 
 
A situação é mais grave...
nas camadas menos favorecidas e no sistema de ensino público, mas está longe de se concentrar nesses estratos sociais. Em 2007, pela terceira vez, o Instituto Paulo Montenegro, ligado ao Ibope, ouviu pessoas de todas as faixas etárias buscando mapear o analfabetismo funcional - num paralelo com o mundo das letras, esse conceito identifica pessoas que sabem ler palavras, mas são incapazes de escrever uma carta. A constatação do trabalho é dramática: pouco menos da metade da população com idade entre 15 e 64 anos, com ensino médio e superior completos, pode ser considerada plenamente alfabetizada em matemática. "Comparando com resultados de anos anteriores, o dado preocupante é que não houve uma melhora significativa", diz Ana Lúcia Lima, diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro. "É uma catástrofe."
 
Para compreender...
as origens do problema, é preciso separar as dificuldades específicas do ensino da matemática das deficiências estruturais do ensino brasileiro, como professores desvalorizados, mal formados e sem condições adequadas de trabalho. Há pelo menos duas ordens de questões: as metodológicas, ou seja, aquelas relacionadas a o quê e como ensinar, e outras diretamente ligadas a um preconceito socialmente difundido de que matemática é para "iluminados". Nesse ponto, os Parâmetros Curriculares Nacionais, criados pelo Ministério da Educação há dez anos para oferecer um norte pedagógico aos professores das diferentes regiões do país, são modernos: prevêem a utilização de estratégias como o uso de jogos e uma aproximação amigável com o universo dos números. "Mas há uma grande distância entre a teoria e aquilo que efetivamente chega à sala de aula", diz a pesquisadora Kátia Smole, uma das autoras do PCN na área da matemática. Nas escolas brasileiras, desde o ensino fundamental, os alunos deparam com um conhecimento desconectado da realidade. "Como a matemática é apresentada por meio de uma linguagem sofisticada e nada natural, há obstáculos de decodificação", explica Antonio José Lopes, doutorando pela Universidade Autônoma de Barcelona e autor de livros didáticos. Para Maria Tereza Carneiro Soares, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Paraná, consultora do Pisa, esse é um dos motivos para o insucesso dos alunos brasileiros no Pisa, que cobra um conhecimento matemático cotidiano e indispensável para o mundo do trabalho.
 
 
O que se busca...
hoje é tirar da educação matemática o excesso de formalismo da linguagem - apresentada como se fosse uma sucessão de fórmulas, regras e enunciados -, de maneira a aproximá-la da vida real, passando a ter mais sentido para o aluno. Pode ser muito prazeroso descobrir quanto de matemática existe na confecção de uma pipa ou participar de jogos nos quais a compreensão das regras passa pelos princípios matemáticos fundamentais. É essa distância entre modos de ensinar a matemática que separa, por exemplo, o jovem Mateus Henrique Pedroso Cárdia, 11 anos, de sua mãe, a professora de educação infantil Sílvia Helena, que não consegue ajudá-lo nas questões envolvendo números. "No meu tempo de escola, era uma matéria difícil, teórica", diz ela. No colégio de Mateus, os professores sempre traçaram paralelos entre a vida concreta e o conhecimento teórico. "O resultado é que eu sempre tive dificuldades, mas o Mateus adora; ele me apresenta uma dúvida e logo encontra, pelos próprios caminhos, a solução."
 
Uma ciência para poucos
Essa visão sobre a matemática está por toda parte. A pesquisadora Inés Gómez Chacón, autora do livro Matemática Emocional (Artmed), analisou o grande impacto das emoções no aprendizado dos números. Para ela, boa parte da dificuldade se explica pelo grau de ansiedade e pela auto-estima dos estudantes. Quanto mais autoconfiantes, melhor o desempenho com números; já a baixa auto-estima leva a um medo excessivo de cometer faltas, a uma diminuição no grau de atenção, na memorização e até mesmo na eficácia do raciocínio. Com base nisso, propõe novas condutas em sala de aula, mostrando ao aluno que suas idéias são importantes e que a matemática não é um mundo de certezas, mas também um conhecimento experimental. O estudo mostra ainda a importância do papel dos pais no fortalecimento da auto-estima da criança.
 
 
Aprender os números...
não é uma capacidade inata, lembra a pesquisadora Kátia Smole. O aluno precisa aprender que existem muitos caminhos, e não apenas aquele que o professor ensina. "Por outro lado, há alunos talentosos e fascinados pelos desafios da matemática, mas muitas vezes os professores nem atentam para isso, pois estão centrados nos procedimentos e técnicas", afirma ela. Não pode haver trajetória melhor do que a do pintor Antonio Peticov. O artista repetiu cinco vezes de ano, em grande parte por suas dificuldades com o aprendizado dos números. Hoje, tornou-se famoso em muitos países porque sua arte incorpora conceitos matemáticos, como a Regra de Ouro. Baseada em uma seqüência algébrica conhecida como Número de Fibonacci e muito utilizada no Renascimento, estabelece proporções geométricas de modo, por exemplo, a guiar a atenção do espectador para certa seção da obra. Por esse talento, Peticov foi convidado a integrar a Lewis Carroll Society, que reúne especialistas em matemática das mais diversas áreas. "Há matemática em tudo, na arte e na vida", diz ele.
 
Fonte: EDUCAR PARA CRESCER