terça-feira, 14 de agosto de 2012

Colégio em favela com tráfico no Rio é o terceiro melhor do Brasil no Ideb

Com aulas em período integral, reforço escolar e participação dos pais, diretora nascida na comunidade eleva desempenho de escola no violento Morro da Pedreira

Raphael Gomide iG Rio de Janeiro | - Atualizada às
Reprodução
Ciep Glauber Rocha teve o terceiro melhor desempenho no Brasil
Ioliris Paes nasceu há 47 anos na Pavuna, bairro do subúrbio do Rio com um dos piores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade, próximo à divisa com a Baixada Fluminense. Desde 1996, ela dirige o CIEP Glauber Rocha, no violento complexo de favelas na região, que inclui o Morro da Pedreira e as favelas da Lagartixa e Quitanda.


Contra todos os prognósticos, a escola teve o terceiro melhor desempenho do Brasil nos anos iniciais do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), com a média 8,5. “Nós temos nos superado. No último Ideb, em 2009, tivemos 6,7 de média, e agora conseguimos superar a nossa meta, que era evoluir 12,5% em relação ao último”, vibra Ioliris.
Antes desacreditada pela população, a escola hoje conta com a intensa participação das famílias e é o orgulho da comunidade. Em 1996, quando Ioliris assumiu a direção, eram apenas 89 alunos. Hoje são 512, da creche até o 5º ano, e sobram candidatos para as vagas.
Reprodução
A participação dos pais é vista como um dos pontos fundamentais para o bom desempenho dos alunos
“Nasci nesta comunidade e morei aqui até oito anos atrás. Vi esta escola ser construída. Era muito desacreditada pela população, não tinha alunos, não tinha projeto político-pedagógico. É uma área altamente desafiadora, dentro da comunidade da Pedreira, Lagartixa, Quitanda. Mas acreditamos no desenvolvimento da autoconfiança de cada criança, valorizamos a ética do esforço”, afirmou ela, reeleita com 98% dos votos de professores, alunos e pais.
A proposta de trabalho da Glauber Rocha tem alguns pilares: educação em período integral, participação dos pais, projeto de formação de leitores, com eventos mensais e reforço escolar, com apoio dos professores, voluntários e estagiários.
“A criança é atendida conforme a necessidade, e o reforço é permanentemente disponível. Temos aula em tempo integral, de 7h30 às 16h30, o que significa mais tempo para enriquecer o processo”, disse a professora.
Esperança de UPP
Agência O Globo
Policiais militares revistam morador durante operação no Morro da Pedreira
Ioliris diz ter esperança da chegada de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na região para reduzir a violência e as constantes trocas de tiros entre criminosos ou entre traficantes e policiais.
“Não estamos em uma área pacificada, há violência e vulnerabilidades familiares. Depois que chega UPP, a paz se instaura. Mas isso não impede nosso trabalho, Não trabalhamos em cima dos problemas, mas das soluções. Há respeito. Aqui não tem pichação. Eu fecho a escola na sexta-feira e na segunda, está tudo igual”, afirmou.
Nem tudo são flores. Apesar do extraordinário desempenho, a Glauber Rocha não foi incluída entre as “Escolas do Amanhã”, programa da prefeitura do Rio para colégios em locais de risco. “Eu tenho vivência em sala de aula e sabia que era possível esse resgate. Trabalhamos em cima da possibilidade de sucesso da criança, nosso cliente. Quando não tinha professora, eu dava aula, ou minha adjunta”, contou.
Apesar do resultado positivo no Ideb, a escola ainda tem carências básicas, como por exemplo, a falta de secretários escolares para cuidar das questões administrativas. A diretora e seus assistentes e professores muitas vezes se ocupam desse tipo de tarefa.
Fonte: IG

Desempenho melhora na educação básica, mas ensino médio ainda patina

Desempenho melhora na educação básica, mas ensino médio ainda patina

Resultados do Ideb 2011, divulgados nesta terça-feira pelo Ministério da Educação, mostram que escolas das etapas finais têm mais dificuldades em atingir meta de qualidade

Priscilla Borges - iG Brasília | - Atualizada às

A educação melhorou no Brasil entre 2009 e 2011, segundo o desempenho das redes de ensino no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). As médias divulgadas nesta terça-feira pelo Ministério da Educação mostram que o País conseguiu atingir as metas de qualidade definidas para o ano passado pelo próprio governo e, pelo menos no aspecto global, tem razões para comemorar.

"Esses resultados são motivo de comemoração. Eu gostaria de parabenizar os professores que permitiram, com seu trabalho cotidiano, que alcançássemos esse resultado", afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Além dos números nacionais, a maioria dos Estados e municípios conseguiu atingir os objetivos propostos. Os números, no entanto, revelam que o crescimento do índice é mais lento mas etapas mais avançadas e há pontos frágeis que merecem atenção dos gestores educacionais.
Criado em 2005 para mensurar o desempenho do sistema educacional do País, o Ideb varia de 1 a 10. Cada escola, município, Estado e o Brasil tem metas próprias para serem atingidas de dois em dois anos. A expectativa é de que, em 2021, as escolas das séries iniciais (até a 4ª série) alcancem nota 6, desempenho considerado semelhante ao de sistemas educacionais de países desenvolvidos.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, a média nacional ficou em 5. A nota é 0,4 ponto maior do que a atingida pelo Brasil em 2009. Naquele ano, o País já havia garantido o cumprimento da meta prevista para 2011, nota 4,6. Também nesta etapa, todos os Estados chegaram às suas próprias metas. E, embora o Norte e Nordeste ainda não estejam dentro da média nacional, conseguiram evoluir. Piauí e Ceará se destacaram, superando as próprias metas em 0,8 e 0,9 ponto, respectivamente.
A façanha, no entanto, não se repete nas séries seguintes avaliadas pelo Ideb. Nas séries finais do ensino fundamental (de 5ª a 8ª série), cujas metas já são menores, nem todos os Estados brasileiros conseguiram alcançar seus objetivos. Sete ficaram com notas inferiores às previstas: Rondônia, Roraima, Amapá, Pará, Sergipe, Espírito Santo e Rio Grande do Sul.
A média superou em 0,1 ponto a última nota (de 2009) e em 0,2 ponto a meta prevista pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A previsão era chegar a 3,9 e a média nacional ficou em 4,1. O Estado que mais se destacou positivamente nesse quesito foi o Mato Grosso, que superou a meta em 1 ponto e ficou com 4,5.
De acordo com relatório do Inep, a maioria dos municípios (77,7%) obteve o desempenho esperado para 2011 nos anos iniciais do ensino fundamental. Número que cai para 62,5% nas redes que atendem os finais dessa etapa. Em Roraima, nenhum dos 14 municípios que tiveram nota calculada nesta edição do Ideb tiveram a nota esperada.
O nó
A etapa em que as médias das redes ficaram mais baixas e alcançaram o menor crescimento é o ensino médio. Com metas mais modestas – sair de 3,4 em 2005 para 3,7 em 2011 –, o Brasil conseguiu cumprir exatamente o combinado na época da criação do Ideb, que faz parte do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), para o ano passado.
As desigualdades entre os Estados, no entanto, são mais evidentes nessa fase. Dos 27 Estados, 11 não alcançaram as notas propostas para o ano passado. São eles: Acre, Roraima, Pará, Amapá, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Distrito Federal. Alguns, ainda perderam notas em relação à última avaliação, como Alagoas (que caiu de 3,1 para 2,9), o Espírito Santo (caiu de 3,8 para 3,6) e o Rio Grande do Sul, que caiu de 3,9 para 3,7.
Somente três Estados têm médias superiores a 4: São Paulo, Santa Catarina e Paraná. A rede privada, responsável por 12% das matrículas dessa fase, chegou ao Ideb 5,7. A nota é inferior à meta – 5,8 –, mas esse foi o primeiro aumento da rede privada desde a criação do índice.
Na opinião de Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Inep e conselheiro nacional de Educação, um dos criadores do indicador, os números revelam um fenômeno percebido já em outras edições: é mais fácil crescer quando se tem uma nota muito baixa. “O crescimento das cidades que estavam piores mostra que é mais difícil melhorar quando já se tem boa qualidade”, diz.
Fernandes acredita que os dados do ensino médio precisam ser melhor avaliados para compreender o que acontece com essa etapa do ensino. “Talvez, quando as crianças que estão melhores nas séries iniciais chegarem lá no ensino médio, a melhora será mais rápida”, diz.
O ex-ministro da Educação Fernando Haddad, responsável pela criação do indicador, acredita que é “importante valorizar o trabalho das redes de ensino que geraram esse resultado acima do previsto para o Brasil”. Ele ressalta o cumprimento das metas nacionais para explicar que o lento crescimento do ensino médio já era esperado. “A metade do caminho foi cumprida”, diz.
Os dados divulgados pelo Inep também revelam que a quantidade de estudantes brasileiros matriculada nas escolas municipais com notas mais baixas diminuiu. Em 2005, 7,1 milhões de alunos estudavam em colégios da 4ª série com notas até 3,7 no Ideb. Agora, são 1,9 milhão nessa faixa. A maioria está nas escolas com Idebs que variam de 3,8 a 4,9 (4,8 milhões de estudantes). Nas melhores (com média 6 ou mais), há 847,4 mil alunos.
Nos anos finais, a queda de matrículas nas redes com pior desempenho também caiu. Em 2005, 7,6 milhões de estudantes estavam em sistemas educacionais com índice de até 3,4. A maior parte está concentrada na faixa de desempenho que varia de 3,4 a 4,4 (6,6 milhões). Nas melhores (com Ideb superior a 5,5), o número é mínimo, 33,6 mil estudantes.
Redes estaduais
Para os especialistas, as greves nas redes estaduais podem explicar grande parte das quedas nos desempenhos dos Estados no ensino médio. Em Minas Gerais, que enfrentou uma greve de professores com mais de 100 dias de duração em 2011, a nota baixou. Nos anos iniciais, porém, a rede estadual alcançou o Ideb mais alto entre as escolas estaduais. A rede mineira ficou com 6,0, índice que o Brasil tem como meta para 2021, seguida de Santa Catarina, com 5,7, e Distrito Federal e São Paulo empatados em terceiro com índice 5,4.
Nos anos finais, a rede de Santa Catarina figura com o Ideb mais alto entre as estaduais, 4,7, seguida por Minas Gerais, 4,4, e São Paulo e Mato Grosso empatados em terceiro, com 4,3. Em 2009, as mesmas redes haviam alcançado os maiores Idebs. O maior crescimento foi registrado por Santa Catarina, nos anos iniciais, de 5,0 para 5,7.
Na outra ponta da tabela, com Idebs 40% menores, estão redes estaduais do Nordeste e Norte. Alagoas teve o menor desempenho entre os Estados nos anos iniciais (3,4) e finais (2,5) e foi a única rede a cair 0,2 pontos nos anos finais, pois teve Ideb 2,7 em 2009 – o Paraná foi o outro Estado a regredir nesta etapa, de 4,1 para 4,0.
Nos anos iniciais, Rio Grande do Norte (3,7), Bahia (3,8) e Amapá (3,9) também tiveram resultados baixos. Nos anos finais, os Estados de Bahia, Sergipe, Paraíba e Rio Grande do Norte estão empatados em penúltimo lugar, com índice 2,9. Em 2009, estes mesmos Estados ocupavam as últimas posições, no entanto, todos registraram crescimento em 2011. O maior crescimento foi o da Bahia, nos anos iniciais, que deixou a última posição em 2009 (3,2) e atingiu 3,8, o terceiro menor resultado.
Fonte: IG

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Brasil vence Olimpíada de Matemática dos países de língua portuguesa

Alunos brasileiros ganharam duas medalhas de ouro e duas de prata em evento em Salvador

Agência Brasil |
Agência Brasil
Estudantes brasileiros conquistaram duas medalhas de ouro e duas de prata na segunda edição da Olimpíada de Matemática da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (OMCPLP). O resultado garantiu ao Brasil o primeiro lugar na classificação geral, com 160 pontos, seguido de Portugal, com 149 pontos.
O concurso, que aconteceu entre os dias 18 a 28 de julho, em Salvador, estimula o estudo da matemática, identificando jovens talentos e incentivando a troca de experiências entre países lusófonos.


O carioca Daniel Santana Rocha, de 15 anos, vencedor de uma medalha de ouro, se preparou para a competição estudando pelas provas da edição anterior da competição. "Eu entrei na competição confiante. Eu sabia que tinha capacidade de ganhar. Fiquei um pouco nervoso, mas quando vi o resultado fiquei muito feliz". Daniel dividiu o primeiro lugar com Murilo Corato Zanarella, de Amparo (SP).
Em segundo lugar, o estudante Victor Reis, de 15 anos, nascido no Recife, disse à Agência Brasil que sua participação na Olimpíada foi bastante proveitosa também pelo intercâmbio de culturas. "Fiz minha primeira viagem sozinho, tive contato com pessoas de outros países, com culturas bem diferentes, além de conhecer Salvador, cidade muito importante para a história do Brasil", disse. Daniel Lima Braga, de Eusébio (CE), também conquistou medalha de prata.
Nessa edição, a Olimpíada contou com delegações de Angola, do Brasil, de Cabo Verde, de Moçambique, de São Tomé e Príncipe, de Portugal e do Timor Leste. Os 28 competidores com até 18 anos foram divididos em quatro grupos. Nos dias 24 e 25, os participantes tiveram que responder três problemas de matemática por dia, envolvendo álgebra, teoria dos números, geometria e análise combinatória.
As provas tiveram duração de quatro horas e meia, e ao final, eram somados os pontos de cada competidor. A próxima edição da competição está marcada para julho de 2013, na cidade africana de Maputo, capital de Moçambique.

Fonte: IG